segunda-feira, 14 de maio de 2012

Felicidade

Faz tempo que ando ouvindo elogios sobre a minha felicidade. Alguns outros sobre agilidade e eficiência, mas em primeiro lugar sempre, felicidade. Se estou sempre feliz? Sim. Até nos dias mais tristes continuo feliz. E minha felicidade é estampada em um olhar pequeno e um sorriso que invade o rosto, sempre. Sempre mesmo, e a felicidade começa cedinho, antes das 10 da manhã, e perdura até às 22h, enquanto eu ainda estou longe de casa. Em casa ele aumenta, seja no café, almoço ou janta, com pastel de 4 sabores que não aguento comer por inteiro. "Continue assim, sempre feliz. Sempre levando felicidade pra quem te encontra", disse um Senhor com mais de 80 anos que segurou minha mão depois de eu tirar uma foto dele sentado. "continue sempre feliz, assim". Não era o dia mais feliz do mundo, eu garanto. Ultimamente não tem sobrado tempo pra escrever do que gosto, de contar histórias de alívio para a alma. Tem sido dias de saudade intensa, de pessoas que queria perto mas não posso mais ter. Mas continuo feliz. Feliz porque meu coração exala sorriso, um completo e verdadeiro sorriso doce. E não importa o que aconteça, se saiam mais pessoas importantes da minha vida de perto, se todos os amores que tenho se vão no piscar de olhos. Já não me importo mais em ser triste, porque triste nunca serei. Continuarei sempre feliz, assim. Como me ensinou aquele sábio homem, que fez fortuna e se encantou porque eu simplesmente sorri. Sorri doce, sorri como sorrio todos os dias. Há alguns dias descobri que eu tenho vários motivos pra reclamar. Meus melhores amigos da vida estão longe, talvez eu nunca mais os encontre por perto, minha profissão pode ser que eu tenha errado, meus sonhos podem estar sumindo e eu estou vendo eles desaparecerem de pertinho, bem de pertinho. E ao invés de chorar, eu sorri. Sorri porque meu sorriso, apesar de não ser completo, foi o que a vida mais me ensinou a fazer. Sorrir. Ter felicidade pelo simples fato de ser eu, a pessoa que espanta tudo com o sorriso. Se tudo se reinventar Se tudo virar redundância se tudo precisar da reinvenção se a vida me der todos os Res deste mundo Continuarei feliz, porque re-felicito a vida todos os dias. Ganhei o nome do "Re", e tudo o que me entristecer, faço questão de re-adaptar, ou renatear, como queira chamar. e se estou sempre feliz? Sim, por fora estou sempre feliz, e quando não estou, retrato o sorriso de quando fui.

sexta-feira, 23 de março de 2012


às vezes sou reclamona, chorona, me descabelo e vomito dias por causa de uma coisa mínima, pra quando as coisas grandes chegarem eu aguentar de pé, olhando com olhos de quem já vivenciou aquilo outras vezes e sabe (quase sempre)o que esperar dali pra diante.

Estou aprendendo a (não) conviver mais com a melhor amiga que tive. Talvez outras grandes amigas até se sentiriam distantes desse comentário, mas é que aquela coisa de 'química' de vez em quando arrebata a nossa vida. É estranho, e estranho mesmo porque a ficha só cai poucas vezes no dia, e quando cai devasta o coração. Já vi outras grandes amigas cobertas de flores também, nos vestidos bonitos e de olhos fechados. Chorei com todas as notícias, mas dessa vez, o choro foi (é) outro. Eu fui pra ver com meus olhos que a verdade estava ali, diante deles, mas nem assim deixei o choro sair da alma. Deixei só o choro de companhia sair. O de alma vem saindo aos poucos, na falta do dia a dia, nas fotos, e-mails trocados, msgs de celular, na cerveja gelada, nos traumas, nos medos, nas inseguranças e nas alegrias. Nossa sintonia foi tão engraçada que até o aniversário por perto, pra festança poder durar 5 dias, é coisa de destino. E os mesmos gostos, os mesmos interesses, as mesmas satisfações.

Ao encontrar a amizade, acabei me afastando de tudo mais, porque ninguém mais satisfazia o que ela completava sempre, sempre! Acho que isso era visível e talvez nem fosse tão recíproco, mas era, de fato, algo único. A vontade que tive - e tenho ainda -, nessas horas em que a alma chora, é escrever, escrever e escrever, como se isso pudesse sanar o nó na garganta e o aperto no peito. Às vezes acho que está aqui atrás, vendo tudo que digito e secando todas as lágrimas que escorrem, com aquele jeito de dizer: 'PARA DE SER BOBA, MENINA'.

Me conforta em saber que Deus deve ter feito um banquete pra te receber e que de lá, você não tem mais dor. Mas aí me pergunto se era isso que você queria, porque pra mim você contava planos de vida, alguns que se realizavam, alguns mais difíceis. E aí paro e penso que você ainda tinha a vida inteira do nosso lado, transmitindo toda alegria e coragem do mundo pro resto das pessoas. E aí penso que ainda tinha muito o que me ensinar, porque não, ainda não parei de ser boba. Ainda sorrio de tudo, com tudo, pra tudo. São nessas horas, de solidão, que me pego pensando no que conversaríamos agora, do que brigaríamos, com quem planejaríamos.

Deus tirou você da minha vida com o propósito de vida cumprido, tenho certeza. Não só a sua vida, mas a minha também. Você me apresentou pessoas inesquecíveis, me fez conhecer lugares de forma diferente e riu, riu todas as vezes que chorei. Você não me deixou sozinha, me fez ver que a vida é muito mais que a solidão das páginas vazias e que, desabafar no papel pode ser compartilhado, SEMPRE! Nossos bilhetes, mensagens, cartas e conversas intermináveis não vão mais existir, e agora vou ter que (re) aprender a ser quem você ensinou que eu fosse.

Vai com Deus, Suellen Gonçalves Vieira (10/11/1988 a 14/03/2012)

domingo, 23 de outubro de 2011

Palavra

Ando escrevendo tanto e tão pouco ao mesmo tempo. E minha paixão, que são as palavras no papel em branco, únicos desabafos de dias e noites, me consolam nas suas releituras. Hoje reli lembranças, e como foi bom re-sonhar tudo. Ninguém me rouba as palavras, ninguém, nunca, consegue me fazer parar de sonhar em páginas em branco. Ninguém sabe mais do que eu, como escrever é terapia, romance, loucura e paixão. Relaxante, porque não.

Hoje lembranças enxeram minha alma de cor, e sabe o que mais, me fizeram lembrar como eu era melhor quando não fazia planos, nem sonhos, nem vidas. Quando eu apenas escrevia, sentada na cama, olhando o pôr do sol, como hoje. Passarão anos e anos, e eu quero continuar aqui, ou acolá, olhando da janela, embaixo da cama, reescrevendo a imaginação criativa em forma de letras e mais letras, até elas esgotarem tudo o que tenho dentro d'alma.

Passarão todos os dias desta vida e eu continuarei com essa paixão. Tirem-me a vida, os sonhos, a coragem, mas nunca, nunca tirem de mim, minhas palavras.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um dia cinza e verde

É oposto pensar em cinza e em verde. Geralmente o cinza representa algo ruim, escuro, sombrio. Já o verde, no auge de sua imponência, destoa de todos os outros nublados e se ergue em cor, cor de esperança, de renascimento.

Hoje é cinza e verde. A cortina é cinza, a parede verde.
O carro é cinza es-verdeado.
do alto do morro, as nuvens são cinzas, as casas verdes.
no topo das árvores, cinza, no seu entorno, verde.
A grama é verde, a pedra ao lado é cinza.
o sangue é verde, o teclado é cinza.

Não há amarelo do sol que mude esse tom cinza/verde.
Não há raio de luz que mude esse tom cinza/verde.
Não há sorriso amarelo que mude a áurea cinza/verde.

cinza, verde, verde, cinza, cinza, cinza, verde, cinza, verde, verde, verde.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

janelas

Tudo o que eu queria era uma janela, dessas que dá para ver o alto do céu e a fuga das estrelas pela noite. Eu sempre quis uma janela em cima da cama, de onde, deitada, eu pudesse contar cometas, estrelas cadentes e alguns sonhos também. Tudo que eu queria nessa janela, é que ela ficasse ali eternamente, sob a minha cabeça, debruçada em alguns papeis, juntando madeiras e construindo viagens. E enquanto não chover, a esperança da chegada da nova janela se completa em cada raio de sol, vindos com um vento de inverno que gela a mão, a alma e de vez ou outra o coração.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

saudade de lá


Tenho saudade de acordar todos os dias em horários diferentes, conforme a aula mandasse. De olhar para fora, tomar meu nescau e colocar o caderno na boolsa. Conversar todo o trajeto que variou sempre entre duas e três quadras até o prédio cinza, que no finzinho se tornou amarelo. Tenho saudade de olhar as pessoas chegarem atrasadas, com rosto de sono, ressaca e mau-humor. Saudade de dizer vários ois pelo caminho, entre bom dia à professores, até os papos furados com os funcionários. Ah, e os intervalos sentada nos bancos duros e desconfortáveis..Muitas vezes nas escadas ao lado do quiosque, outras, em pé, esperando qualquer um pra agarrar o pescoço e pedir um abraço a um dos muitos amigos que apesar de não serem da vida inteira, queria levar comigo para sempre. E ainda berrar na sala de aula até o professor me dar razão, ou parar de discutir com a teimosia que me governa. Ouvir reclamações, risaadas, travessuras, malandragens. Ver aqueles sorrisos que eu nunca quis que fossem embora. Sentar nas carteiras acumuladas para uma turma tão pequena e rir, rir de tudo que acontecia naqueles quatro cantos. Ir pra casa, fazer o almoço rápido, tirar um cochilo de cinco minutos, e ir trabalhar, com cheiro de feijão recém-feito, bife frito e suco de pacotinho. Queria chegar no estágio, sentar na escada, rir besteirolas, correr atrás de qualquer coisa, estudar, escrever, gravar, editar, conversar. Queria que fosse quarta-feira, e fosse dia do cento do salgado, pra ficar das cinco até umas sete comendo sem parar, até o último salgadinho sumir do pote. Ir pra casa, deitar no sofá branco, assistir a qualquer programa, tomar um nescau. Ver que já é tarde, deitar na cama que fica dentro do quarto onde tudo é uma bagunça, inclusive minha cabeça, chamar a companheira pra ir lá, ouvir música, fofocar sobre o dia, contar medos, angústias, ligar para as amigas, formar uma trupe, resolver que toda quinta é dia de meninas, tomar cerveja, confessar malandragens, fofocar. Queria esprar o sábado e o domingo chegarem, pra reunir todo mundo e fazer aqueles almoços que só tinhamos em casa, na verdadeira casa, não nesse paraíso. Saudade dos sábados a tarde, onde pipoca e brigadeiro, ou, pao de queijo e chocolate invadiam a casa, transformavam o buraco no lugar mais aconchegante de todos. Queria o domingo e o dia de dormir, com visitas especiais, ou com saudades de fazer chorar. Lembrei de quando tranquei, pela última vez o apartamento quatro, do bloco 01, do condominio Ouro Branco. Lembrei do apartamento 301, do edificio Mônaco. Lembrei do Pensionato Universitário Feminino, e dentro de cada um, minhas histórias e lembranças. Há um ano, mais ou menos isso, eu fechava pela última vez minha casa guarapuavana, e hoje, queria que toda aquela história voltasse, talvez por lá, e por estar com tais pessoas, minha vida tivesse outro sentido, e que era tão bom, que ah, nunca queria ter fechado.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

como temporal

Há algumas semanas começaram as chuvas na cidade mais alemã do país. Chuvas que nunca tinha visto aqui ou acolá. O céu fica negro, meio acinzentado, e as nuvens correm como maratonistas. É impressionante a rapidez que um temporal se forma por aqui, e mais impressionante ainda, é como ele é belo e ao mesmo tempo tão ameaçador. Aos poucos escurece, a chuva começa devagar, e em segundos, pronto, estaá feita a tragédia. Água em meio metro, casas alagadas, ruas sem passagem. Minha primeira cobertura de enchentes foi uma experiência única, pra levar pra vida inteira. O desespero, os rostos tristes, a solidariedade e depois, o sorriso amarelo de quem tenta continuar, e continuar, e continuar.
Excepcionalmente hoje, o dia amanheceu cinza, como meu coração. Quando o dia começa assim, certamente termina com um temporal, dentro e fora do quarto bagunçado, cheio de quitutes e algumas malas para desfazer. Na sacada, é gostoso ouvir o barulho da chuva, lendo algum título que me faz pensar na vida, na morte, no sentido de tudo. Na sacada, que dá para os fundos de um terreno que nao tem quase nada, a não ser o cheiro de churrasco e o barulho de piscina aos domingos, eu gosto de sentar e ver o temporal atingir o telhado da garagem. Os raios, a trovoada, o vento gelado que arrepia a alma. gosto de molhar o pé, de esticar a mão e deixar que a chuva molhe um pouco meu corpo.
Queria entender porque gosto tanto assim de chuvas, aqui já comprovei que ela não traz tanta alegria como me convém. Queria entender porque mandam essa chuva quando quero lavar minha alma, e como enquanto ela cai, meu coração se enche de uma paz tamanha, que tenho vontade apenas de olhar para o horizonte e sentir seu barulho devagar e devagarinho ver ela escorrer por onde passa. Queria que ela passasse pelo meu peito, deslizasse por minha alma e revigorasse meus sonhos. E não só meus, mas de todos que estão do lado de fora, temendo que a chuva leve mais que os sonhos, amedrontados com razão, porque a chuva não me da mais tanta alegria, já penso nela com medo, pavor. Ah chuva, signifique o que significar, caia lentamente, escorra pelas paredes e não adentre casas e ruas. Caia aos poucos e só molhe de paz a minha, e a alma de todos os outros que por cá estão.
'oh chuva, eu peço que caia devagar, só molhe esse corpo de alegria, para nunca mais chorar"